Descrição |
Situada no agreste pernambucano, a comunidade de Castainho se apresenta como um dos territórios quilombolas do estado. Conhecida pelos seus históricos de militância e lutas pelo reconhecimento quilombola e de terras, tal comunidade foi escolhida pela presente pesquisa como um dos territórios estudados.
A primeira parte das investigações, em tal território, se deram por meio do contato com a Escola Municipal Virgília Garcia Bessa, enquanto lugar de práticas estruturais da comunidade, na qual estavam implicados múltiplos sujeitos e processos de aprendizagem. A heterogeneidade de sujeitos, presentes na escola (faixa etária, pertencimento, sexualidade, gênero) da mesma comunidade se tornou, de certa forma, o ponto central que permitiu detectar, na prática, demandas que dizem respeito à coletividade desse território.
Diante disso decidimos abordar outras instituições que, na relação com a escola, geravam o ponto nodal entre as práticas e políticas de educação e cultura na comunidade: a Associação de Produtores de Farinha e a Associação de Mulheres de Castainho. Dois grupos consolidados na comunidade, com grande representatividade e forte atuação entre os sujeitos.
Como método de coleta de dados nesse primeiro momento, realizamos entrevistas narrativas com professores, estudantes e coordenadores da escola. Entrevista narrativa com José Carlos, presidente da associação de farinha, e com Edivânia, uma das participantes ativas da Associação de Mulheres. Além disso, realizamos uma roda de diálogo com as mulheres da associação.
Na segunda fase das investigações desse território resolvemos nos aprofundar nas questões que diziam respeito a vivências da comunidade fora das instituições: as festas, as brigas, em suma, as entrelinhas da experiência de viver naquela comunidade. Preocupados, principalmente, com as questões que emergiram das primeiras entrevistas e roda de conversa, nos detemos sobre duas práticas: a festa da mãe preta e as mudanças e permanências temporais da comunidade. Foram entrevistados, nesse momento, antigos moradores da comunidade, indicados pelos sujeitos do território como pessoas capacitadas para contar elementos da história da comunidade.
Do entrecruzamento das instituições com as narrativas desses outros sujeitos do campo, geram-se as primeiras análises do campo, focando o vinculo dos sujeitos com o território, pensando as múltiplas trajetórias e narrativas. Evidenciando, também, uma análise de conjuntura que aponta para a transição dos modos de vida, do conflito geracional e das múltiplas necessidades culturais da comunidade. Assim, nosso foco é como as múltiplas possibilidades de subjetivação operam em Castainho.
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