Descrição |
No interior do maior centro educacional do país encontra-se a maior parte das práticas observadas em Florianópolis (SC). O Instituto Estadual de Educação de Santa Catarina (IEE) foi criado em 1892, ainda como escola Normal, e hoje possui mais de oito mil estudantes do ensino fundamental, ensino médio, ensino médio inovador, magistério e, complementar as atividades regulares, a modalidade cultura e esporte.
Florianópolis enquanto território, por sua vez, se apresenta em primeiro plano, e mesmo antes do conhecimento do IEE, através das práticas da professora de dança Maria Aparecida Gonzaga (popularmente conhecida como Xuxu). Ela, que tem sua trajetória de transformação ligada à dança, resolveu, enquanto professora do IEE, oferecer aulas de dança contemporânea para estudantes da escola e, também, abertas à comunidade. Assim, surge o projeto Dança, Educação, Arte e Cidadania, que se preocupava em proporcionar o contato dos participantes com a linguagem artística e a estética da dança. Paralelo às atividades desenvolvidas em tal projeto, Maria Aparecida também desenvolvia um segundo grupo, esse menor e com um tom mais profissional, a Cia de Dança Alma Negra. Ao longo dos mais de trinta anos de atuação nesses grupos, Maria Aparecida, interferiu diretamente na formação de centenas de estudantes, em especial, daqueles que resolveram seguir carreiras parecidas, como professores de dança e/ou trabalhadores da cultura e da educação.
A partir desse contexto, nos interessava investigar os percursos formativos dos estudantes que tiveram contato direto e intensivo com a professora Maria Aparecida. Aqueles que conseguimos encontrar foram: Rodrigo, professor de dança na secretaria de educação do município de Florianópolis, possui uma forte atuação nos movimentos de dança voltados ao Hip-Hop; Alexandra, jornalista, doutora em Antropologia e especialista em dança e cultura afrobrasileira e africana; Maria Morena, professora de dança no IEE, focada em dança contemporânea e idealizadora do grupo de Dança Nigra; Romaldo, professor do IEE, focado em dança Contemporânea, Pop e Estilêto.
Dentro das propostas metodológicas para esse campo, foram realizadas entrevistas narrativas com os sujeitos supracitados, observações das aulas da professora Maria Morana e do professor Romaldo, entrevistas com atuais participantes do projeto Dança, Educação, Arte e Cidadania, entrevista com a direção geral e coordenação do IEE.
No segundo momento de visita ao campo, tivemos contato com a segunda vertente desse território, ainda localizado dentro do IEE: O Grêmio Estudantil Edson Luiz. A chapa vigente, nomeada de Revolucione Seu Pensamento, conta com, aproximadamente, vinte estudantes, todos do ensino médio e ensino médio inovador. A atuação dos estudantes tende a focar tanto demandas internas (questões operacionais da escola), como demandas externas (questões políticas e problemas sociais), interessados em questões de gênero, raça, desigualdades sociais e econômicas e de outros tipos. Como metodologia para essa parte do território, foi realizada uma roda de conversa com cinco representantes a critério do grêmio.
O horizonte comum das análises dos dados coletados no território, tende ao interesse nos processos de subjetivação através da dança e da participação no grêmio, principalmente interessados nas subjetividades coletivas, na convivência em grupo e nas múltiplas possibilidades formativas encontradas nos espaços vividos. Realizando, por sua vez, um contraste e uma interrelação entre as diferentes trajetórias de vida, as memórias e os significados dados às experiências ao longo dos processos.
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